domingo, 14 de maio de 2017

I.WISH.I.WOULD.HAVE.DONE.





Dica do dia: andem com um caderninho e uma caneta na bolsa, no bolso. Celular não serve. Tem que ser papel. Escrevam aqueles pensamentos que passam - como nuvem ou como manada de elefantes - na hora, ali mesmo, no momento em que eles saem da fonte.

Eu sempre quis fazer isso, jamais fiz, lá se foram 33 anos e, com eles, o registro em potencial de tanta coisa que eu gostaria de ter dito. Não pra alguém, mas pra algo aqui fora. Pro meu lado de fora. Tanta mágoa, tanta emoção, tantos insights, tanto amor, tantas perguntas, tanta catarse, tanta viagem, tanto grito, tanta dor.

(Pensando que a maioria, dor. Dor que eu engoli. Dei uma fritada antes, uma boa fritada, e depois engoli. Com farinha.)

(Pensando que eu deixei de fazer isso porque sempre achei que alguém fosse acabar lendo, e eu sentiria vergonha.)

(Pensando que eu sei que tem hora que não é possível parar e escrever, ainda mais quando a vontade acontece bem no meio da estrada, enquanto você dirige, por exemplo - comigo acontece muito -, mas mesmo assim, creio que é uma questão de hábito, deve ir ficando mais fácil quando a gente pega o jeito.)

(Pensando que tem TANTAS outras coisas que eu sempre desejei fazer - e continuo desejando - e não fiz. Pra não fugir do tema "caderninho-lápis-registros", menciono o lance de escrever, assim que você abre os olhos, tudo o que for capaz de lembrar sobre o sonho que acabou de ter. Eu JAMAIS consegui fazer isso e acho algo incrível e que pode ser de grande utilidade na busca de entender um pouco nossos processos internos.)



segunda-feira, 6 de março de 2017

Quando a Matrix te dá uma bad

Amados amores,

Venho de uma semana punk no trabalho, e na minha peculiar montanha-russa emocional, passei fortemente pelo down. Essa insatisfação e angústia que sinto me acompanha desde sempre, desde onde minha memória alcança, tem muito a ver com uma questão bem delicada que é a de não saber exatamente do que eu gosto, o que eu realmente quero pra mim. E tá bom, eu sei que não estou sozinha nesse conflito - muito pelo contrário. Cada vez mais gente se lança nessa aventura de buscar seu próprio caminho, ou de jogar luz no caminho que já existe, que está lá, mas que a gente não vê. É uma tendência, talvez, algo possivelmente relacionado com transformações energéticas que estão rolando no planeta. (A dinda véia é mística também, não é novidade).

A minha dificuldade é grande e é particularmente maior no que se refere à identificação de quem eu sou, do que me realiza, me faz feliz. Já corri atrás do próprio rabo até cansar procurando essa grande sacada, em especial no quesito profissional, mas de uns tempos pra cá dei uma boa relaxada e entendi que o "profissional" é só uma parte, uma pequena parte, do que nós somos. Já praticamente aceitei - embora ainda tenha recaídas - que talvez eu nem vá chegar a essa conclusão nessa vida, mas e daí? Existem outras coisas. O que acontece é que esse sistemão opressor em que a gente vive nos faz acreditar que a questão do trabalho é a mais importante do mundo. Mas não é, gente. Ou melhor, não é pra todos.

Eu acredito plenamente que há gente que "nasceu pra isso", ou "nasceu pra aquilo". E o "isso" e o "aquilo", neste caso, referem-se a um talento que se concretiza no âmbito profissional. E que bom, que ótimo, porque graças a isso tem gente muito boa no que faz, e tem gente realizada. Mas nós somos pessoas, não robôs, não funcionamos igualzinho uns aos outros. E é isso que eu quero dizer pros meus pequenos, desde já. O Gui e a Isadora já têm idade pra entender o recado, acho que a Sossô também. A gente não precisa, necessariamente, saber no que quer trabalhar. Se soubermos, ótimo, let's go for it, mas somos muito mais do que possíveis profissionais, do que pessoas executando funções x ou y. Somos seres altamente complexos e com infinitas possibilidades. E o tempo é extremamente relativo.

Bem no meio da minha crise vi o post abaixo em uma página da Ayurveda e caiu como uma luva. É importante a gente entender que cada um tem o seu tempo, que fazer comparações com os outros é a chave para a frustração e uma perda de energia imensa, que estamos todos caminhando, que está tudo bem. Eu não vou desistir de encontrar essas respostas, não vou deixar de buscar um sentido maior pra minha vida, algo que me realize, posso fazer isso até meu último dia aqui na Terra, e isso não será um problema. Problema é a gente se cobrar demais, sofrer demais, pirar demais. Eu sou mestre nisso. Muita gente é.

Mas no fim foi muito legal passar por esse momento de copo transbordando, porque dividir também alivia o peso, muda a perspectiva. No dia seguinte ao meu desabafo (me refiro ao meu post do facebook onde eu confesso que estou num estado de esgotamento total com a rotina massacrante de trabalho + sensação de não estar fazendo nada que eu goste + culpa pela escassez de tempo para a filha, etc), além dos vários comentários de apoio, de força, de identificação, cheguei pra trabalhar e olhei cada um dos meus colegas, cada um deles, com uma ternura tão grande, um sentimento de pertencimento tão bonito... Não é que devemos nos conformar (pelo contrário, já falarei disso num outro dia), mas ver que, no fundo, estamos todos neste mesmo grande barco, navegando entre tormentas e bonanças, procurando por sentido, por nós mesmos, por respostas. Não há um de nós que não esteja se equilibrando, ou tentando se equilibrar, nessa corda bamba que balança sobre o sistema no qual estamos mergulhados desde (quase) sempre e nossas peculiares inquietações de seres complexos que somos.

Hoje só quero dizer que estamos juntos, que não estamos sós. Que não precisamos saber exatamente o que estamos fazendo aqui. Que sim, somos muito bons em muitas coisas, e isso não necessariamente tem a ver com trabalho. Na maioria das vezes, penso, simplesmente não tem nada a ver. Eu só quero que vocês não deixem de buscar. De olhar pra dentro, de mergulhar lá dentro. E de olhar pra fora também, mas só se for pra ver o outro como um irmão, alguém que também está encarando suas próprias dores e delícias do viver. E que o tempo é diferente pra cada um. Não tem problema passar a vida nessa busca. Eu sei que às vezes eu esqueço disso, mas eu juro: o importante é o caminho.

Avante, avante, amorinh@s.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

ANTES TARDE DO QUE NUNCA



Pensa numa pessoa que ama. Ama com intensidade, ama demais, ama loucamente. Agora pensa numa pessoa mucho loca. Uma pessoa que se enrolaria no próprio rabo, se tivesse um. Que vive correndo, correndo, correndo, mas ainda não conseguiu a paz de espírito de "chegar lá". In fact, ela não sabe bem onde é que esse  se esconde. Então ela corre. Ela corre, corre, corre. Ela quer, deseja, imagina, quer, quer, quer. Ela sente. Ela ama - de novo, e outra vez, e muito! Mas ela ainda não encontrou bem o caminho.
Agora pensa numas pessoas que, aparentemente aún más locas que a primeira, tiveram a coragem de chamar justo quem para ser a madrinha de suas joias raras?  Ma-dri-nha. Aquela que deve estar presente, que deve ser exemplo, que deve ser e deve estar disponível para estes pequenos gigantes. Justo quem? Esta bola de amor e fogo e pimenta e açúcar (e manteiga também, mas outrora, porque agora isso já não a pertence mais) que, sendo o próprio emaranhado de sentimento e inquietude, vive quicando mundo afora e mundo adentro em busca de si mesma. Vaya coragem!
Mas aqui está o ano novo, mais uma chance, mais uma página em branco com cheirinho de papel zero bala pedindo por (re)começos. E ainda que arrependimento e culpa insistam em me rondar cada vez que penso na minha falta de organização para estar mais próxima dessas vidas com que me presentearam, resolvi parar de querer cavar um buraco de tanta vergonha  e, enfim, fazer algo que esteja ao meu alcance hoje. E o tem me pulsado forte no coração é o desejo de compartilhar alguns dos aprendizados que surgem com meus trancos, barrancos, voos e vitórias, e que é tudo o que, neste momento, posso doar além do meu amor e carinho infinitos.
Pode ser que amanhã isso mude. Pode ser que eu consiga fazer boa parte do que eu sonhei cada vez que me deram a notícia de que eu seria madrinha. Pode ser que a gente viaje juntos, que eu seja a dinda véia confidente, que eu consiga presenteá-los com um curso de verão na Europa, que eu acompanhe um porre e prepare poções mágicas pra curar a ressaca no dia seguinte, que eu dê meu ombro pra aquela dor de amor de lascar, que eu chame pra uma conversa séria pra lembrar que tem que ajudar em casa sim, que eu ensine a dirigir ou que os leve para a prova no dia do vestibular. Pode ser até que eu acompanhe o nascimento dos seus filhos bem de pertinho (sonho dourado!). E pode ser que eu não consiga fazer nada disso, mas se eu puder dividir um pouco das dores e delícias dessa vida, se eu puder uma única vez evitar que vocês sofram por algo que não valha a pena ou se puder ajudá-los a ter insights importantes, já vou ter cumprido minha missão.
Essa minha quadragésima tentativa de escrever um blog é, portanto, dedicada aos meus afilhados Gui, Flora e Olivia, à minha amada filha Lavinia (a quem eu escrevo infinitas linhas, mas infelizmente só no plano mental, desde que ainda a tinha no meu ventre), a todas as flores e frutos dos meus queridos amigos, esses preciosos pontos brilhantes e abundantes fontes de fé, inspiração e esperança e a todas as mães, pais e ancestrais que fazem parte deste desafio divino que é gerar, criar, preparar e, principalmente, aprender com esses mestres que, de pequenos, só têm o tamanho. E por bem pouco tempo.